terça-feira, 28 de abril de 2009

EU VOS DISSE TAIS COISAS PARA QUE TENHAM PAZ EM MIM... (JO 16:33)

O sermão de Cristo aos discípulos que começa no capítulo 14 e vai até o 17 tem de tudo um pouco: palavras de fé, esperança, amor; mas também tem palavras duras e difíceis de compreender. O próprio Cristo afirma no versículo 12 que algumas coisas deveriam ficar ocultas, pois excediam a capacidade de compreensão e aceitação dos discípulos.

Algumas palavras não são inspiradoras: “Eles vos expulsarão das sinagogas; mas vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a Deus” (vs 2). “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim” (15:18). Mesmo assim Jesus conclui o seu discurso afirmando que suas palavras são para que tenhamos paz nele. Como ter paz diante de tais prognósticos?

Primeiramente, precisamos entende algo simples que está no versículo, porém decisivo para que alcancemos o entendimento da verdade. Jesus diz que a paz está nele, e isso faz toda a diferença. Desta afirmação deduzimos que:

1. A Paz não é um sentimento que nos acomete quando nos sentimos seguros. O mundo não oferece e nunca oferecerá ao homem as condições necessárias para que ele tenha paz. A Paz que depende do que é externo é por si mesma efêmera e inconstante, pois ela é simples construção humana, e como tal é falível. Todo o discurso de Jesus mostra que a Paz não surge da atividade humana.

2. A Paz cresce em nós à medida que permanecemos em Cristo. Para simbolizar essa verdade, Jesus utiliza a metáfora da videira. A permanência em Cristo é o caminhar para o propósito ao qual Deus nos chamou em Cristo, e tal certeza de caminhar é fruto de paz em nosso coração. Sendo assim, paz não é um sentimento autômato em nós, mas surge na decisão de permanecer em fé na trilha de Jesus. À medida que o galho se incorpora a árvore, tornando-se parte indissociável, a paz cresce como transformação provinda da fé. João trabalha fé como confiança no testemunho de Jesus, liberando amor do Pai sobre nós (16:27).

3. A Paz como fruto do relacionamento com o Paráclito. O discurso de Jesus mostra que sua morte e ressurreição serão o ápice de sua missão, porém, o seu retorno ao Pai não era motivo de alegria. Quem ama que estar junto do seu amor, e os discípulos não compreenderam a ausência do amado Mestre como algo pacificador para suas almas. Nisso, o Espírito Santo é soprado sobre os discípulos como um ato de renovação da esperança e da força de seguir, e esse é o objetivo do discurso de Jesus: mostrar que o Espírito Santo, como companheiro na nova jornada, é aquele que faz nova a esperança, a paz e coragem para caminhar. Seu sopro renovador dá a real prova de que verdadeiramente Jesus venceu o mundo, pois o mundo não é o bastante para tirar a paz do discípulo, pois o combustível do discípulo não é a história, a lógica ou as probabilidades, mas a fé que pelo Espírito Santo, Deus faz novas todas as coisas.

Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir (Jo 16:13). Falar, guiar e anunciar são verbos criador, mantenedor e recriador de tudo. Quando Deus falou ele criou os céus e a terra. Quando ele guiou seu povo ele sustentou sua promessa por sua fidelidade. E quando ele anunciar (pela fé esse verbo é sempre futuro) as coisas futuras ele simplesmente recria (e recriará) em nós e para nós a paz que surge da certeza da fé em amor a despeito de todas as forcas externas contrárias.

Sendo assim, não são as Palavras de Jesus, uma mistura de coisas boas e coisas ruins, a base da nossa paz. A paz provém de um relacionamento, uma permanência em Cristo, uma fé que vence o mundo pelos méritos de Jesus. Tal coisa excede todo o entendimento e toda tribulação.

Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor! (Os 6:3)


Jorge Luiz

Um comentário: