quinta-feira, 26 de agosto de 2010

MILAGRES ACONTECEM...

Britânica ficou curada de câncer depois que fetos deslocaram tumor com chutes


Michelle Stepney e suas filhas Alice e Harriet (Foto: Cancer Research UK/Divulgação)


Uma britânica que descobriu um câncer durante a gravidez foi salva pelos chutes dos fetos, que expulsaram parte do tumor.

Michelle Stepney, de 35 anos, estava grávida de gêmeas quando foi levada para o hospital com um sangramento.

No início, os médicos suspeitaram de um aborto, mas logo descobriram que ela estava com câncer cervical e que acabara de expelir um pedaço do tumor do colo do útero.

"Eu não poderia imaginar que os chutes que eu sentia seriam tão importantes. Eu mal pude acreditar quando os médicos disseram que os movimentos tinham expulsado o tumor", diz Michelle.

Os oncologistas sugeriram que ela fizesse quimioterapia e retirasse o útero para remover o câncer por completo, o que significaria o fim da gravidez.

Michelle conta que, depois de muito refletir, decidiu seguir em frente com a gestação e foi submetida a doses limitadas de quimioterapia, aplicadas a cada 15 dias.

As gêmeas, Alice e Harriet, nasceram na 33ª semana de gravidez de cesariana. As meninas estavam em perfeito estado de saúde, mas nasceram sem cabelo por causa dos efeitos da quimioterapia.

Quatro semanas depois do parto, Michelle foi submetida a uma cirurgia para retirada do tumor e do útero. Os médicos acreditam que ela esteja curada.

A britânica disse que deve "a vida às filhas".

No dia 12 de fevereiro, Michelle receberá o prêmio "Mulher de Coragem" do Cancer Research UK, um centro na Grã-Bretanha dedicado a pesquisas sobre o câncer.

Fonte: BBC

 

A MONSTRUOSIDADE HUMANA E O EVANGELHO DA CURA

Nesses dias, estava lendo um reportagem policial que narrava o assassinato de uma pai de família na presença da esposa e dos filhos apenas porque bateu e quebrou o retrovisor do carro do assassino, essas noticias me causam um mal estar tremendo, e sinceramente, uma tremenda desilusão com o ser humano.


O delegado chamou o assassino de “animalesco”, porém, acredito que tal comparação é uma ofensa aos animais “irracionais”. Na fauna não é comum ver animais se matando por motivos tão banais, acho que o melhor adjetivo seria monstro¹, pois são os monstros que matam por prazer, desprovidos de humanidade, matam com requintes de crueldade e sem motivo “plausível” (se é que existe motivos plausíveis para matar).


Acredito que essa situação serve como um alerta para os verdadeiros cristãos, chegamos a um ponto crucial: Por muitos anos pregamos um evangelho que salva, mas que não cura ou mesmo transforma. Sendo assim, a mensagem de Cristo precisa ser terapêutica, e não salvadora.


O que eu entendo por salvadora: Quando afirmamos que a mensagem do evangelho é a mensagem de salvação, quase sempre estamos falando de um evento transcendente, futurista e que pouco têm implicações práticas no dia a dia do cristão. Sendo assim, tudo que fazemos como crentes salvos é apenas um reforço da nossa condição de salvos que só se concretizará no dia de nossa morte. “trocando em miúdos”, o evangelho da salvação é um evangelho que apenas fornece um passaporte para céu, para uma vida confortável no além, ou, somos salvos do inferno.


A história mostra que esse tipo de mensagem de fuga apenas reforçou em nós a condição de seres monstruosos. Pecamos e ficamos tristes, não pelo pecado, mas pela possível “perda da salvação”. Daí, surge a penitência, os castigos físicos e psicológicos e a futura reincidência no mal. Isso porque não fomos ensinados a entender que o pecado destrói nossa humanidade, e não a nossa relação com Deus. Demorei muito a entender (e de certa forma ainda não entendo plenamente, nem nunca entenderei) o amor incondicional de Deus, mas hoje sei que o pecado não interfere em nada no amor que Deus tem por mim. Contudo, Deus procura manter uma relação com o ser humano, e o pecado tira de nós essa condição de seres humanos, nos assemelhando cada vez mais a monstros.


Portanto, precisamos de um evangelho que priorize a ação terapêutica de Deus e isso implica dizer que o projeto de Deus é que sejamos novas criaturas hoje, agora, já nesse exato momento. Não precisamos ser salvos do inferno metafisico, mas sim, curados do inferno dos nossos desejos e instintos, pois este habita o coração e a mente das pessoas diariamente. Precisamos nos perguntar sobre como fazer do evangelho um remédio para curar os males de uma humanidade doente e deformada. A intenção da cura nunca deve ser com o objetivo de para ir para céu, mas com o objetivo de ser alguém melhor.


Jesus disse que aquele que tem o evangelho em si é como o sal da terra e a luz do mundo. Naquele tempo, esses eram os bens mais fundamentais para sobrevivência humana. Sem o sal, não era possível conservar alimentos, e sem alimento é impossível manter-se vivo. A luz, num mundo que não conhecia a energia elétrica, era essencial para que o homem pudesse ver e discernir o mundo no meio da escuridão total. Sendo assim, a deterioração da essência humana não significa que evangelho que vivemos já está insosso a muito tempo? O futuro sombrio que vislumbramos não seria consequência do evangelho sem luz que anunciamos?


Em meio a tanta monstruosidade, apenas reconheço que preciso todos os dias voltar para os ensinos de Jesus em busca de remédio para curar minhas doenças internas, abandonando as “tábuas da salvação” que me alimentam minha hipocrisia².


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1.Nas mitologias, os monstros são encarnações do mal, alguns agem de forma inconsciente, mas uma grande maioria entende que seus atos são contrários a todo principio ou revelação do que é bom e correto, e sua satisfação está justamente em destruir o que é valoroso. O egoísmo é uma das qualidades dos monstros mais exacerbadas, matar é uma questão de satisfação pessoal. Portanto, os crimes hediondos revelam a natureza monstruosa que cresce entre homens.

2. Sei que, nos evangelhos bíblicos, a mensagem da salvação não exclui o conceito de cura, de restauração da natureza humana. Apenas fiz essa diferenciação porque, com os anos, a religião cristã divorciou a salvação da cura, formando uma legião de “salvos doentes”.
 

terça-feira, 17 de agosto de 2010

NOVOS EVANGÉLICOS: É DISSO QUE PRECISAMOS?


A edição nº 638 da revista Época teve como capa uma reportagem muito interessante: “Os novos evangélicos – um movimento de fiéis critica o consumismo, a corrupção e os dogmas das igrejas, e propõe uma nova reforma protestante”. A reportagem revela algo importantíssimo para mudar o imaginário do povo brasileiro, que enxerga o evangélico geralmente como alguém que busca apenas a prosperidade; o dízimo e a negociata com Deus. Para muitos, crente é sinônimo de cliente da “teologia” de Edir Macedo e Cia.
A reportagem mostra também que qualquer um pode ser evangélico sem abrir mão da inteligência e do bom senso. Pode sim haver cristãos com verdadeira consciência ambiental e que não se cala diante das injustiças e corrupções.
Porém, tem algo que me inquieta diante dos novos evangélicos: Apesar de reconhecerem a necessidade que os cristãos têm de recuperar os valores éticos e humanos, me parece que a ênfase se concentra mais nas questões eclesiológicas. Perceba que o foco sempre recai para as diferenças entre a igreja tradicional e as igrejas “emergentes”.
São coisas do tipo:
- “Nossas reuniões são informais, leves e mais dinâmicas que os cultos tradicionais!”
- “Não temos templo, nos reunimos nos lares”;
- “Não usamos o nome Igreja, mas sim comunidade, para evitarmos a carga negativa que aquele termo traz”.
- “Não sou mais evangélico! Agora sou cristão!”
Não negamos o valor que tem essa reformulação. Realmente vivemos dentro de muitos conceitos desgastados, e renovar é bom para que possamos respirar novos ares e desfrutarmos de novas experiências. O problema é que infelizmente tudo isso ainda é muito pouco.
Concentrar-se apenas nessas mudanças “cosméticas” é deveras efêmero. Não trará resultados práticos em longo prazo. Tais mudanças, apesar da enorme boa vontade, não são suficientes para chegarmos ao cerne do problema.
E qual é o cerne do problema?
O cerne do problema é a necessidade de uma transformação intima e pessoal, um reencontro com Cristo.
Lembro-me da leitura que fiz sobre a reforma que o rei Josias realizou em Israel (629 a.C). O texto de 2Reis 22-23 mostra um homem que foi profundamente tocado pela mensagem do Pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia Hebraica) e que motivado pela Palavra de Deus, iniciou uma mudança radical na religião de seu pais. Enquanto era vivo, o povo de Israel seguiu a “nova religião” que ele trouxe, mas logo após sua morte, o povo voltou à velha condição de idolatria vivida antes.
Penso que estamos caminhando pelo mesmo processo de Josias e outros reformadores que surgiram na história. São mudanças externas e cosméticas, que tratam apenas do novo tipo de culto que faremos; da “nova doutrina” que seguiremos; do novo modelo de “comunidade” que adotaremos.
Não basta mudar os nomes ou as fórmulas se as doenças que se instalaram na alma e no espírito dos cristãos continuarem as mesmas. Tanto faz eu ser “crente” ou ser “cristão” se no meu coração as palavras de Jesus não estiverem gravadas. Tanto faz se eu me reunir numa “Igreja” ou numa “comunidade”, ou mesmo num “pequeno grupo nos lares” se no meu coração não há o entendimento de que é bom conviver como irmãos. Relacionamentos doentes não é um privilégio apenas das Igrejas tradicionais, e de certa forma as Igreja Emergentes estão mais suscetíveis a relacionamentos doentios, já que atraí multidões de insatisfeitos e magoados com a velha fôrma e que não estão curados.
Dificilmente as mudanças externas chegam a transformar nosso intimo. De certa forma Jesus já nos ensinou isso quando disse que o problema não é limpar o exterior do copo, porque o que contamina o homem está do lado de dentro. Não se faz uma nova Igreja sem antes alcançarmos uma mudança pessoal. Uma nova religião acaba se tornando sempre um novo entretenimento, que logo ficará desgastado, dando lugar a infindáveis reformas.
Sendo assim; para criarmos um cristianismo novo, leve, sadio e simples, precisamos muito mais que novas estratégias, muito mais do que uma nova reforma protestante. Precisamos mesmo é de cura da alma, de uma relação pessoal com Deus restaurada e renovada, de uma mentalidade mais bíblica do que midiática (formada pela mídia e os veículos de comunicação) e de uma conversão profunda que nos leve a abandonar o espírito individualista que tem nos dominado.
Tenhamos cuidado para não confundir remendos com transformação. Como já nos mostrou o rei Josias*, mudanças estéticas não permanecem.


*Obs: o nome Josias significa curado por Deus (consolado, ou mesmo salvo). Sugestivo não?