domingo, 5 de abril de 2009

UMA IGREJA DE DESCONFIADOS

Talvez para alguns não seja novidade o que direi, mas mesmo assim direi. Acho interessante, para não dizer estranho, que haja o numero crescente de pessoas que estão na igreja, porém completamente traumatizadas e machucadas com ela. Não é raro, nas conversas que temos com uns e outros, encontrarmos pessoas que freqüentam os cultos e reuniões da igreja, mas que nutrem por ela um sentimento terrível de desconfiança, medo e até mesmo raiva.


Geralmente estão infelizes, insatisfeitas e frustradas. Não conseguem desenvolver relacionamentos além da superficialidade de um “oi” ou mesmo o famoso “a paz do Senhor” (é o novo!!! rsrsrs). Sempre na defensiva, não se abrem para uma amizade sincera e são dominados por um espírito altamente crítico, onde suas palavras sempre exaltam os defeitos da Igreja.


Pessoas com esses sintomas estão proliferando na igreja com uma intensidade maior do que pensamos. Quando digo que isso é estranho é pelo fato de que, anteriormente, pessoas que apresentavam esses “sintomas” eram os desviados, ou seja, pessoas que desistiam da vida em comunidade cristã. Atualmente pessoas assim não são necessariamente desviados, você nem imagina que alguém assim pode estar sentado no banco ao lado na sua igreja.


Desconfiança é o sentimento que habita as relações humanas hoje. Não confiamos em ninguém. Estamos sempre prevendo que as pessoas irão nos decepcionar e por isso não nos entregamos em nossas relações.


O pior é que não atentamos para um detalhe importante: Esse sentimento é completamente antagônico à essência da Igreja, a comunhão. Comunhão seria hoje melhor traduzido por compartilhamento. A Igreja é (ou pelo menos deveria ser) a comunidade daqueles que compartilham, sejam dores, mágoas, traumas, assim como alegrias e sorrisos.


Estamos na Igreja em “corpo presente”, mas muitas vezes sem alma, sem verdade, sem honestidade. Isso faz da Igreja, que deveria ser um local de cura, em uma fábrica de pessoas infelizes e insatisfeitas. Isso é quase uma “esquizofrenia cristã”.


Não tenho idéia de como esse estado pode ser alterado, apenas constato que isso está se tornando mais comum do que imaginamos. Mas acredito que precisamos viver e falar mais sobre comunhão, compartilhamento, sobre vencer a desconfiança e medo.


Desculpe, esse papo está muito teórico.


Jorge Luiz

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