quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

VOCÊS OUVIRAM O QUE FOI DITO... EU, PORÉM, VOS DIGO...

Estou lendo Repintando a Igreja, de Rob Bell, da Editora Vida. No livro ele faz uma menção que no mínimo chamaria de interessante:

“A idéia de que todo mundo, menos eu, estuda a Bíblia com bagagem, programas e lentes culturais é o supra-sumo da arrogância.” (pág. 62, grifo meu).

O autor combate certas posturas de líderes e membros de comunidades cristãs que orgulhosamente acreditam estarem pregando somente a Bíblia, mas por detrás de suas compreensões e percepções existe uma grossa camada de tradição e interpretação feita por homens. A própria Bíblia foi o trabalho de uma tradição de homens que acreditavam possuir autoridade para definir “o que era e o não era” Palavra de Deus. A mim só basta crer que eles fizeram as melhores escolhas.

Essa tal arrogância é realmente perigosa. Acharmos que podemos ler a Bíblia no sentido original é um conto de fadas que algumas Igrejas desejosas de reforma prometem para resgatar membros que estão cansados de tradições inertes.

Mas precisamos ver o outro lado dessa questão. Tudo bem que nossa leitura sempre estará pré-condicionada. Contudo, percebemos que essa tradição, essa crosta de interpretações sob interpretações, não estão contribuindo para tornar a mensagem bíblica dinâmica e relevante para os nossos dias.

Nisso Rob Bell também fala uma coisa interessante:

“A Bíblia ainda é tão poderosa por isto: essas histórias antigas são as nossas histórias.” (pág. 68)

Não vamos conseguir nunca ler a Bíblia e resgatar a originalidade de sua mensagem, pois ela até hoje é alvo de interpretações. Mas é nosso papel reavaliar interpretações que tirem a vitalidade da escrituras, ou seja, a capacidade de suas histórias tornarem-se nossas histórias.

Não é porque antes de mim existem 2.000 anos de interpretação que eu deva acreditar que tudo que foi dito ainda é correto e válido. Assim como também não posso achar que toda a tradição que me anteceda seja descartável. Sendo assim, o correto é ler a Bíblia consciente de nossa bagagem, porém respeitando a dinâmica interior que a sustenta e permite que ainda hoje haja relevância em suas palavras.

Jesus afirmou que se conhecermos a verdade, ela nos libertará. Se nossa interpretação bíblica não contribuir para a liberdade, então não estamos proclamando a verdade e tal tradição não é digna de ser mantida.

“Vocês ouviram o que foi dito... Eu, porém, vos digo...” Essa missão ainda precisa ser seguida pela Igreja hoje. Isso é anunciar o Evangelho. Tradição que não produz vida é passado.

Dá-me Senhor humildade, compromisso e coragem quando me aproximar de tua Palavra.

Jorge Luiz

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