Constantemente me deparo com homens e mulheres que usam o termo vida espiritual. Aliás, é muito comum o uso desse termo nos ambientes religiosos. As pessoas falam de vida espiritual como se fosse uma vida transcendente, difícil de alcançar, mas que, ao mesmo tempo, precisa ser perseguida, ‑ e “ai de nós” se não buscarmos essa tal vida espiritual. A vida espiritual é tida como uma vida que nos torna mais íntimos de Deus e, como benefício, nos traz privilégios diante do Pai. Receio que na busca pela vida espiritual assim idealizada muitos tenham parado no meio do caminho sentindo cansaço e culpa. Perceberam que a busca era utópica e mentirosa. Acredito que a vida espiritual está mais perto do que pensamos, pois não acho que ela seja uma vida transcendente e sim uma vida do aqui e agora.
Quando era pequeno, muitas vezes olhava o céu e perguntava a minha mãe por Deus. Ela me dizia que Deus estava longe, lá naquele céu, mas eu me aproximaria dele quando fizesse minha oração. Sem saber, minha mãe estava falando um pensamento teológico: Deus é distante e só se aproxima quando oramos. Sinto que minha mãe apenas repetia um pensamento comum aos religiosos. O pensamento daqueles que imaginam a distância entre Deus e o homem, que é o mesmo pensamento daqueles que acham que a vida espiritual é a vida fora da vida real. Então, de acordo com esse pensamento, Deus se manifesta no momento da oração, se aproxima na hora da oração, mas não se aproxima no beijo dos apaixonados? Não se aproxima num grito de gol? Não se aproxima durante o trabalho de alguém? Acaso temos dois mundos, o mundo espiritual e o mundo da prática cotidiana? Fiquei a me perguntar de onde poderia ter surgido na cabeça da minha mãe esses pensamentos de distância e aproximação de Deus pelo orar e pelo não orar e então me lembrei das minhas primeiras experiências evangélicas.
Quando entrei na igreja, nas aulas de discipulado, o professor me falava que somente com oração e leitura bíblica diária nos tornávamos pessoas espirituais. Ainda posso citar várias passagens das sagradas escrituras que foram usadas como referência para fortalecer a fase do meu discipulado. Mas, dentro de mim iniciou-se uma inquietação simples e honesta: será que a espiritualidade é conseguida apenas nos momentos de oração e leitura da Palavra? Será verdade que quanto mais oro e leio a Bíblia, mais sou espiritual? Essas perguntas surgiam na medida em que lia cada versículo. Notava a necessidade de o meu discipulador colocar na minha cabeça que eu era um homem natural e que as coisas de Deus eram coisas para homens espirituais. Confesso que tentei ser esse homem espiritual: deixei de trabalhar e estudar muitas vezes para ter momentos de oração e leitura constante da Bíblia; quebrei os meus discos e passei a escutar apenas músicas de Deus e do mundo espiritual. Tentei, mas confesso que essas disciplinas religiosas só serviram para pensar que Deus estava longe de mim. Quanta desilusão com uma vida espiritual distante e sacrificante. Quanta desilusão com os professores de discipulado que não me mostraram a minha vida como manifestação de Deus e o meu cotidiano como lugar de encontro com o Pai.
Hoje, acredito que todo aquele que encara seu cotidiano de forma simples, procurando na beleza da vida, ou mesmo nas suas tristezas, encontrar a face do Pai vive uma vida espiritual. A música, a poesia, o trabalho, o culto ou a oração, são expressões de vida, e não pertencem a diferentes escalas de valor na vida espiritual. O valor espiritual aparece no que torna um momento diferente do outro, no que nos faz perceber a presença do Pai. Parece-me que o Pai não se encontra apenas nas disciplinas religiosas, mas ao contrário, é encontrado em todos os espaços da vida, até mesmo quando pensamos não haver espaço para a sua presença, lá Ele se encontra.
Sendo assim, posso não ter percebido o Pai nas minhas duas horas de oração, e nem ter percebido o Pai enquanto atendia o meu paciente mas, tanto em um como outro momento, Ele estava lá.Deus não se ausenta e nem é trazido para mais perto. Ele é percebido ou não em todos os momentos da vida.
Por isso, devo tentar fazer do meu cotidiano o melhor possível para que ele seja cheio de amor, paz e boas obras. Devo zelar por meu relacionamento com Deus sem descuidar do trato com o próximo. Devo me trancar no quarto para orar e ler a Bíblia sem esquecer-me de abrir as portas de casa para receber quem precisa. Devo sentar a família à mesa para dar graças ao Pai com a mesma importância espiritual com que conto uma história pra minha filha dormir. Em cada gesto, em cada ação, pensada ou não, vivo espiritualmente e me relaciono com o Pai.
Quando era pequeno, muitas vezes olhava o céu e perguntava a minha mãe por Deus. Ela me dizia que Deus estava longe, lá naquele céu, mas eu me aproximaria dele quando fizesse minha oração. Sem saber, minha mãe estava falando um pensamento teológico: Deus é distante e só se aproxima quando oramos. Sinto que minha mãe apenas repetia um pensamento comum aos religiosos. O pensamento daqueles que imaginam a distância entre Deus e o homem, que é o mesmo pensamento daqueles que acham que a vida espiritual é a vida fora da vida real. Então, de acordo com esse pensamento, Deus se manifesta no momento da oração, se aproxima na hora da oração, mas não se aproxima no beijo dos apaixonados? Não se aproxima num grito de gol? Não se aproxima durante o trabalho de alguém? Acaso temos dois mundos, o mundo espiritual e o mundo da prática cotidiana? Fiquei a me perguntar de onde poderia ter surgido na cabeça da minha mãe esses pensamentos de distância e aproximação de Deus pelo orar e pelo não orar e então me lembrei das minhas primeiras experiências evangélicas.
Quando entrei na igreja, nas aulas de discipulado, o professor me falava que somente com oração e leitura bíblica diária nos tornávamos pessoas espirituais. Ainda posso citar várias passagens das sagradas escrituras que foram usadas como referência para fortalecer a fase do meu discipulado. Mas, dentro de mim iniciou-se uma inquietação simples e honesta: será que a espiritualidade é conseguida apenas nos momentos de oração e leitura da Palavra? Será verdade que quanto mais oro e leio a Bíblia, mais sou espiritual? Essas perguntas surgiam na medida em que lia cada versículo. Notava a necessidade de o meu discipulador colocar na minha cabeça que eu era um homem natural e que as coisas de Deus eram coisas para homens espirituais. Confesso que tentei ser esse homem espiritual: deixei de trabalhar e estudar muitas vezes para ter momentos de oração e leitura constante da Bíblia; quebrei os meus discos e passei a escutar apenas músicas de Deus e do mundo espiritual. Tentei, mas confesso que essas disciplinas religiosas só serviram para pensar que Deus estava longe de mim. Quanta desilusão com uma vida espiritual distante e sacrificante. Quanta desilusão com os professores de discipulado que não me mostraram a minha vida como manifestação de Deus e o meu cotidiano como lugar de encontro com o Pai.
Hoje, acredito que todo aquele que encara seu cotidiano de forma simples, procurando na beleza da vida, ou mesmo nas suas tristezas, encontrar a face do Pai vive uma vida espiritual. A música, a poesia, o trabalho, o culto ou a oração, são expressões de vida, e não pertencem a diferentes escalas de valor na vida espiritual. O valor espiritual aparece no que torna um momento diferente do outro, no que nos faz perceber a presença do Pai. Parece-me que o Pai não se encontra apenas nas disciplinas religiosas, mas ao contrário, é encontrado em todos os espaços da vida, até mesmo quando pensamos não haver espaço para a sua presença, lá Ele se encontra.
Sendo assim, posso não ter percebido o Pai nas minhas duas horas de oração, e nem ter percebido o Pai enquanto atendia o meu paciente mas, tanto em um como outro momento, Ele estava lá.Deus não se ausenta e nem é trazido para mais perto. Ele é percebido ou não em todos os momentos da vida.
Por isso, devo tentar fazer do meu cotidiano o melhor possível para que ele seja cheio de amor, paz e boas obras. Devo zelar por meu relacionamento com Deus sem descuidar do trato com o próximo. Devo me trancar no quarto para orar e ler a Bíblia sem esquecer-me de abrir as portas de casa para receber quem precisa. Devo sentar a família à mesa para dar graças ao Pai com a mesma importância espiritual com que conto uma história pra minha filha dormir. Em cada gesto, em cada ação, pensada ou não, vivo espiritualmente e me relaciono com o Pai.
Paulo Maurício
Diretor do ICEC e Pastor da Igreja de Messejana
Diretor do ICEC e Pastor da Igreja de Messejana
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