sábado, 28 de fevereiro de 2009

OS NEPHILIM ESTÃO FAZENDO OS SEUS EXPERIMENTOS! - WWW.CAIOFABIO.COM


O livro de Gênesis nos diz no capitulo quatro que o Dilúvio foi causado por uma interferência alienígena na natureza do homem e das criaturas, as quais corromperam o seu caminho natural.

Os Benai Elohim [os filhos de Deus], termos somente usado no VT para designar anjos [como é também o caso no Livro de Jó], tomaram mulheres dos melhores genes e da mais elevada estética feminina, e as usaram para procriação, gerando os Nephilim [que significa os que caíram]; os quais se tornaram os Gigantes da Antiguidade, conforme registro não apenas bíblico, mas também presente nos mitos de quase todos os povos antigos, dos Nazca aos Gregos e Chineses.

Aquele mundo foi afogado em razão disso, segundo a Bíblia.

Entretanto, mais adiante, vê-se na narrativa bíblica que tais filhos dos gigantes continuaram vivos na Terra, conforme se vê em Números, Juizes, Deuteronômio, Josué, nos livros de Samuel e nos escritos chamados Reis.

Quando se diz que os homens de Davi mataram os últimos que havia na terra de Israel, logo se diz: “Então Satanás atacou Israel!...”.

Quando escrevi o meu livro Nephilim, embora fazendo uma ficção, também queria alertar para o fato que os Nephilim estão vivos hoje; e mais: buscando o que sempre buscaram: alterar o homem na Terra.

Hoje, entre tantos outros meios que não apenas a “abdução”, eles usarão cada vez a ciência genética e as tecnologias de nano implante e outros derivados, a fim de, em não muito tempo, terem fabricado o Novo Homem: com o cérebro controlado, com os genes programados, e com os poderes mentais alimentados por chips de memória.

Chegará a hora em que um homem sem alterações nephilimico genéticas e bio-cibernéticas não terá espaço, trabalho ou respeito.

O Novo Homem será filho da tecnologia dos Nephilim e dos maiores avanços da ciência humana, que, de totalmente humana, tem pouca coisa; posto que se fundamente na intenção de controle e manipulação da natureza essencial do homem e da criação, buscando eliminar todas as lindas imperfeições que nela existam.

Ora, creio que o Cordeiro de Deus foi imolado antes de haver criação como a conhecemos, pois, o caminho da vida não é o da perfeição, mas o caminho lindo das imperfeições que já nascem redimidas e que se transformam em bens de Deus para a vida.

Assim, o Cordeiro Imolado antes de tudo, é também a garantia do perdão a todas as imperfeições da existência, das genéticas e biológicas às imperfeições do caminho humano.

Olho à minha volta e vejo a crescente obsessão humana em controle e cura pela ciência dos implantes e de aumento do poder do homem, tanto na mente como nas funções orgânicas, as quais serão alteradas em nome da “perfeição”.

Logo se verá o tamanho da armadilha...

Entretanto, haverá o tempo quando um humano in natura será uma aberração.

Afinal, o que nos aguarda é um mundo no qual as estatuas falarão.

Pense nisso!

Caio

27 de fevereiro de 2009

Lago Norte

Brasília

DF

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O deus que não é Deus - Texto de Ricardo Gondim

Existe um deus que não é Deus. O único com força para enfrentar a Deus. Essse deus não vive em alguma dimensão cósmica ou ponto do universo. Seu oratório é a mente humana. Ele é um deus familiar, pois vive nos espelhos da alma. Mesquinho, cobra desempenhos impossíveis. Inclemente, castiga as inadequações dos fracos com fúria. Ofendido por uma pessoa, dizima gerações inteiras. Imprevisível, age com um humor indetectável.

Existe um deus que não é Deus. Capaz de ofuscar o próprio Deus, misturou-se em todas as religiões. Sanguinário, exige sacrifício para estender a sua compaixão. Impassivo, privilegia os eleitos e condena o resto. Indiferente, descarta a prece da criança quando não se encaixa em seus propósitos. Distante, volta as costas para os miseráveis em nome da coerência.

Existe um deus que não é Deus. É possível encontrá-lo nos paços sacerdotais, nas leis canônicas, nas teologias que o sistematizaram. Ele vingou na religião e a cúrias já mapearam as suas ações. Sem bondade, ele defende a virtude. Sem graça, faz apologia da verdade. Os cristão sabem que ele existe; já provaram o fel de sua justiça na Inquisição. O homem-bomba de hoje testemunha o seu furor para os muçulmanos. Ele aparece em cada campanha de oração pentecostal para mostrar como é difícil ganhar o seu favor.

Existe um deus que não é Deus. Ele é uma divindade que não suporta ver Jesus almoçando com pecadores, bebendo vinho perto de mulheres suspeitas, elogiando pagãos ou prometendo o Paraíso para gatunos. Esse deus precisa desaparecer, pois é um ídolo malvado. E só com a sua morte nascerá o Salvador.

Soli Deo Gloria.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Oração

Aba

Não sou Moisés, mas adoraria Te fazer mudar de idéia;
Que vontade de Te fazer voltar atrás de vez em quando;
Pediria hoje ao Espirito Santo que me desse o poder de argumentar com Deus,
Então subiria a montanha mais alta ansioso por uma audiência.

Mas cá entre nós: Argumentos Te convencem? Palavras te fazem voltar atrás?

Desconfio que tu enxergas algo que esteja por detrás das nossas palavras.

Mas o que seria?

Fé?

Obras?

Sabedoria?

Enquanto não tenho as respostas, continuo fazendo das minhas orações uma tentativa de te fazer mudar de idéia em assuntos que talvez nunca consiga.

Eu e minha santa ignorância!

Mas sei de uma coisa: ainda não desisti de te convencer, até que me convenças do contrário.

Talvez isso seja fé.


Jorge Luiz

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

VOCÊS OUVIRAM O QUE FOI DITO... EU, PORÉM, VOS DIGO...

Estou lendo Repintando a Igreja, de Rob Bell, da Editora Vida. No livro ele faz uma menção que no mínimo chamaria de interessante:

“A idéia de que todo mundo, menos eu, estuda a Bíblia com bagagem, programas e lentes culturais é o supra-sumo da arrogância.” (pág. 62, grifo meu).

O autor combate certas posturas de líderes e membros de comunidades cristãs que orgulhosamente acreditam estarem pregando somente a Bíblia, mas por detrás de suas compreensões e percepções existe uma grossa camada de tradição e interpretação feita por homens. A própria Bíblia foi o trabalho de uma tradição de homens que acreditavam possuir autoridade para definir “o que era e o não era” Palavra de Deus. A mim só basta crer que eles fizeram as melhores escolhas.

Essa tal arrogância é realmente perigosa. Acharmos que podemos ler a Bíblia no sentido original é um conto de fadas que algumas Igrejas desejosas de reforma prometem para resgatar membros que estão cansados de tradições inertes.

Mas precisamos ver o outro lado dessa questão. Tudo bem que nossa leitura sempre estará pré-condicionada. Contudo, percebemos que essa tradição, essa crosta de interpretações sob interpretações, não estão contribuindo para tornar a mensagem bíblica dinâmica e relevante para os nossos dias.

Nisso Rob Bell também fala uma coisa interessante:

“A Bíblia ainda é tão poderosa por isto: essas histórias antigas são as nossas histórias.” (pág. 68)

Não vamos conseguir nunca ler a Bíblia e resgatar a originalidade de sua mensagem, pois ela até hoje é alvo de interpretações. Mas é nosso papel reavaliar interpretações que tirem a vitalidade da escrituras, ou seja, a capacidade de suas histórias tornarem-se nossas histórias.

Não é porque antes de mim existem 2.000 anos de interpretação que eu deva acreditar que tudo que foi dito ainda é correto e válido. Assim como também não posso achar que toda a tradição que me anteceda seja descartável. Sendo assim, o correto é ler a Bíblia consciente de nossa bagagem, porém respeitando a dinâmica interior que a sustenta e permite que ainda hoje haja relevância em suas palavras.

Jesus afirmou que se conhecermos a verdade, ela nos libertará. Se nossa interpretação bíblica não contribuir para a liberdade, então não estamos proclamando a verdade e tal tradição não é digna de ser mantida.

“Vocês ouviram o que foi dito... Eu, porém, vos digo...” Essa missão ainda precisa ser seguida pela Igreja hoje. Isso é anunciar o Evangelho. Tradição que não produz vida é passado.

Dá-me Senhor humildade, compromisso e coragem quando me aproximar de tua Palavra.

Jorge Luiz

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Redescobrindo Deus nas adversidades - Mensagem pregada no Retiro 2009 da Betesda de Messejana

1 – Na Terra de Uz viveu um homem chamado Jó. Ele era justo, pois obedecia a Deus e se esforçava para nunca praticar o mal.

2 - Jó tinha uma família bem grande, sete filhos e três filhas.

3 - Além disso, era muito rico! Era o homem mais rico e poderoso daquela terra, pois tinha sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois, quinhentas mulas e um grande número de empregados e escravos.

4 - Quando um dos filhos de Jó fazia aniversário, todos os irmãos e irmãs se reuniam para uma grande festa, com bastante comida e bebida.

5 - Às vezes essas festas duravam vários dias. Quando terminavam, Jó reunia todos os seus filhos e oferecia sacrifícios para cada um, cedo de manhã, pedindo o perdão de Deus para eles. A razão que Jó tinha para fazer isso era a seguinte: "É possível que meus filhos tenham pecado e ofendido a Deus em seus pensamentos". Por isso, Jó repetia esses sacrifícios depois de cada festa.

(Jó, capítulo 1, Bíblia Viva)


O livro de Jó é uma parábola sobre como nossa mente religiosa procura fugir da dor e do sofrimento através da espiritualidade. Nos primeiros versículos do texto conhecemos um homem extremamente zeloso em suas tradições. Fazemos de Jó o símbolo ideal de “uma pessoa de fé”, ele é rico e temente a Deus. Mas do contrário que nós pensamos; a fé desse homem não é assim tão perfeita. Sua “espiritualidade” é tão interesseira quanto à de muitos de nós hoje. Ele tornara-se tão obsessivo e paranóico que até mesmo oferecia sacrifício pelos pecados dos filhos, procurando substituir a “falta de religiosidade” dos filhos.


Numa fala bastante reveladora do livro, Jó diz que havia tentado fugir daquele momento que tanto temia acontecer: - A desgraça que eu tanto temia acabou caindo sobre mim! (3:25).


Nosso estilo de religiosidade assemelha-se ao de Jó. Conscientes ou não, sempre acreditamos que a espiritualidade pode nos capacitar a ter uma vida blindada, ou pelo menos contamos com a ajuda dos céus para que certas situações adversas sejam resolvidas miraculosamente. Achamos que nossa adoração poderá livrar os nossos pés de terrenos pedregosos. E no fim das contas, resumimos nossa “relação” com Deus num “toma lá da cá”.


Quando “damos de cara” com vida real, e com a dor e sofrimento que ela carrega, somos violentamente desestabilizados. Como se alguém houvesse pisado em nosso castelo de areia, percebemos que essa tal segurança espiritual não existe. Quando a adversidade acontece, sempre passamos por três processos que Jó também passou:


1. Diante da dor tentamos aceitar o acontecimento como vontade de Deus. Nosso mundo cai e procuramos manter uma posição de tranqüilidade e equilíbrio.


2. Examinar se havia algum pecado em sua vida que justificasse a mão pesada de Deus.


3. Não encontrando falha nenhuma que justificasse tamanha dor em sua vida, Começamos a questionar a capacidade de Deus em promover a justiça no mundo. É a partir da dúvida que podemos redescobrir Deus ou abandoná-lo para sempre. A grande pergunta diante da adversidade é: Afinal, o que podemos esperar de Deus?


E sendo bem sincero, não sei muito o quê esperar de Deus, porque Deus é mistério, Ele é soberano e não está no meu poder prever suas atitudes. Apenas sei o que eu não devo esperar de Deus.


1. Não devo esperar que Deus possua o controle de cada detalhe da minha vida a ponto de me desviar do mal e do sofrimento, pois o mundo é injusto e estamos dentro dele. Fomos moldados pela espiritualidade do Êxodo, que revela um Deus dominador, que manifesta milagres abundantes e que cuida para que os israelitas não estejam carentes em nada. Ele cura toda doença, faz cair carne do céu, faz a rocha jorrar água. Mas isso não resultou em adoração sincera a Deus, em pureza de coração, em humildade. Quanto mais Deus fazia, mais afastado povo ficava. Deus quer ficar do nosso lado, e para isso ele renunciou este controle total da nossa vida. Ele não quer servos; e sim amigos.


2. Não espere que a fé em Deus seja a chave que torna o mundo mais compreensível. Quando Deus aparece a Jó no final do livro, ele não responde as dúvidas de Jó quanto à sua justiça. Deus não sente necessidade nenhuma de provar que é justo ou que ele tem o controle de tudo. Quanto mais Deus falava, mais Jó enxergava que a fé muitas vezes é crer sem entender. Creio apesar do absurdo. A fé é esperança além do que os olhos podem ver.


3. O Deus que precisamos redescobrir na adversidade chama-se Jesus Cristo, aquele que esvaziou-se e tornou-se como um de nós. Sentiu fome como nós, teve dores como nós, esteve aflito como nós, morreu como qualquer um de nós um dia morrerá. Assim como Deus falou com Jó de dentro de um furacão, Jesus fala conosco dentro da nossa realidade. Depois de Jesus, a Bíblia diz que Deus foi ainda mais radical e resolveu morar dentro de nós na pessoa do Espírito Santo. Isso significa que Deus desistiu de viver apenas no céu, com o controle remoto da nossa vida nas mãos. Ele quer agir não apenas por mim, mas através de mim.


Talvez você esteja se perguntando: de que me serve um Deus encarnado, esvaziado? Para que adorar um Deus que não pode transformar minha vida em um passe de mágica? Gostaria de te responder com outra pergunta: Você poderia amar a Deus mesmo sem poder esperar nada em troca? Dependendo de sua resposta você terá entendido ou não o que significa ser amigo de Deus.


Philip Yancey diz que o que salvou Jó não foram as palavras de Deus, mas a simples percepção que Deus estava com ele na sua dor. Posso não estar livre de toda dor e sofrimento, mas tenho fé de que em Deus posso suportar todas as coisas. Posso não estar livre da morte, mas creio que na ressurreição Deus me faz enxergar que ainda existe vida para além da morte e que ela não é o fim. Posso não estar livre da adversidade, mas creio que mesmo nos momentos de maior perplexidade, ele me compreende e fica sempre do meu lado.


Jorge Luiz

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Ananias e Safira: Um memorial à falsa piedade (At 4:32-37 e 5:1-11)

Mensagem pregada dia 22/06/2008 lá na Betesda de Messejana, para quem quiser conferir:


Para Lucas, a comunidade dos sonhos era aquela onde a pobreza fosse extirpada a todo custo. Ele possui uma forte crítica, tanto no seu evangelho, como também no livro de Atos, a toda e qualquer concentração de riqueza, pois ela sempre acarreta no empobrecimento e na exploração dos desprovidos de seu próprio sustento.


Deus é “deus dos pobres” em Lucas, e é justamente dos pobres (esqueça os pobres de espírito, pois isso está apenas em Mateus) a pertença do Reino de Deus. Sendo assim, a comunidade cristã precisa ser necessariamente o local onde o cuidado de Deus com relação ao sustento deve ser mais sentido.


Por isso a realidade da venda de propriedades e a divisão do dinheiro entre todos foi algo que surgiu logo no inicio da Igreja Primitiva, e dentre as razões, estava à questão da volta de Jesus e o seu polêmico ensinamento ao jovem rico.


Porém, a euforia da venda de propriedades trazia em si mesmo problemas maiores do que a questão dos necessitados. E para Lucas esses problemas deviam ser logo combatidos antes que se tornasse um câncer que causasse a morte do corpo de Cristo.


Esses problemas são o foco central da terrível narrativa sobre Ananias e Safira, narrativa essa que causa certo “nó” na garganta de quem a lê. Vejamos qual a intenção de Lucas nesse texto:

1.

A A comunidade primitiva estava crescendo na unidade, e a unidade nasce quando morre a indiferença com o próximo. O pecado de Ananias e Safira está centrado na total indiferença pela comunidade. Notamos na leitura do texto que a venda não foi motivada por amor aos irmãos que passavam por necessidades. Eles se inseriam no mesmo sentimento de comunhão e unidade, pois em seus corações reinou somente o egoísmo e a indiferença, pecados completamente contrários ao espírito que reinava na igreja primitiva.


2. Ananias e Safira buscavam lucrar para si mesmos uma falsa imagem originaria de uma falsa piedade. Eles são contrastados com Barnabé, o qual Lucas ser reconhecido entre os apóstolos e que gozava de certo prestígio. Porém, Barnabé era movido pela necessidade de consolar os necessitados, por isso seu nome significa filho da Consolação. Mas Ananias e Safira são movidos somente pela necessidade de se alto promoverem perante os apóstolos demonstrando uma falsa devoção. A busca de reconhecimento sem o menor sacrifício, a busca por construir uma imagem perante a igreja que não era a verdadeira, escondendo por detrás todo o amor ao dinheiro.


3. Sendo assim, doando muito ou pouco, seja sempre você mesmo e faça para Deus tudo em verdade. Você não precisa ser igual a todo mundo. Ananias e Safira não precisavam ser iguais a Barnabé para serem amados por Deus e pelos apóstolos, eles não precisavam ser iguais ao restante dos ricos que doavam suas coisas. Eles precisavam ser apenas eles mesmos. Não use da religião para ser falso e esconder seus pecados.


Mas talvez você ainda pense: a morte não foi um castigo muito severo para Ananias e Safira? A morte de Ananias e Safira não foi um castigo, mas serviu para ser um memorial para todas as gerações de cristãos para informar quanto aos perigos da falsa devoção a Deus. Ananias e Safira tiveram a graça de morrer perante a verdade, e assim foram salvos para que a mentira não os corroesse ao ponto de tornarem-se insensíveis.


A pior desgraça não é morrer como Ananias e Safira morreram diante desse pecado, mas é a morte de toda sensibilidade diante da palavra e da exortação de Deus aos nossos corações, clamando para que a abandonemos a mentira e falsa imagem acerca de quem realmente somos. Muitos Ananias e Safiras circulam em nossas igrejas e eles não possuem a graça de morrer nas mãos de Deus, mas estão como mortos-vivos, acreditando que sua devoção baseada em mentiras está chegando ao coração de Deus.


Ananias e Safira morreram por causa de dinheiro? Não! Morreram antes que tivessem tempo de construir uma falsa imagem de si mesmos. Sejamos hoje sensíveis a voz de Deus nesse texto e morramos para todo sentimento egoísta e arrogante, para todo espírito de auto-promoção, recebendo de Deus a simples graça de sermos apenas nós mesmos.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Vida Espiritual: Encontrando Deus na minha vida

Constantemente me deparo com homens e mulheres que usam o termo vida espiritual. Aliás, é muito comum o uso desse termo nos ambientes religiosos. As pessoas falam de vida espiritual como se fosse uma vida transcendente, difícil de alcançar, mas que, ao mesmo tempo, precisa ser perseguida, ­­­­‑ e “ai de nós” se não buscarmos essa tal vida espiritual. A vida espiritual é tida como uma vida que nos torna mais íntimos de Deus e, como benefício, nos traz privilégios diante do Pai. Receio que na busca pela vida espiritual assim idealizada muitos tenham parado no meio do caminho sentindo cansaço e culpa. Perceberam que a busca era utópica e mentirosa. Acredito que a vida espiritual está mais perto do que pensamos, pois não acho que ela seja uma vida transcendente e sim uma vida do aqui e agora.

Quando era pequeno, muitas vezes olhava o céu e perguntava a minha mãe por Deus. Ela me dizia que Deus estava longe, lá naquele céu, mas eu me aproximaria dele quando fizesse minha oração. Sem saber, minha mãe estava falando um pensamento teológico: Deus é distante e só se aproxima quando oramos. Sinto que minha mãe apenas repetia um pensamento comum aos religiosos. O pensamento daqueles que imaginam a distância entre Deus e o homem, que é o mesmo pensamento daqueles que acham que a vida espiritual é a vida fora da vida real. Então, de acordo com esse pensamento, Deus se manifesta no momento da oração, se aproxima na hora da oração, mas não se aproxima no beijo dos apaixonados? Não se aproxima num grito de gol? Não se aproxima durante o trabalho de alguém? Acaso temos dois mundos, o mundo espiritual e o mundo da prática cotidiana? Fiquei a me perguntar de onde poderia ter surgido na cabeça da minha mãe esses pensamentos de distância e aproximação de Deus pelo orar e pelo não orar e então me lembrei das minhas primeiras experiências evangélicas.

Quando entrei na igreja, nas aulas de discipulado, o professor me falava que somente com oração e leitura bíblica diária nos tornávamos pessoas espirituais. Ainda posso citar várias passagens das sagradas escrituras que foram usadas como referência para fortalecer a fase do meu discipulado. Mas, dentro de mim iniciou-se uma inquietação simples e honesta: será que a espiritualidade é conseguida apenas nos momentos de oração e leitura da Palavra? Será verdade que quanto mais oro e leio a Bíblia, mais sou espiritual? Essas perguntas surgiam na medida em que lia cada versículo. Notava a necessidade de o meu discipulador colocar na minha cabeça que eu era um homem natural e que as coisas de Deus eram coisas para homens espirituais. Confesso que tentei ser esse homem espiritual: deixei de trabalhar e estudar muitas vezes para ter momentos de oração e leitura constante da Bíblia; quebrei os meus discos e passei a escutar apenas músicas de Deus e do mundo espiritual. Tentei, mas confesso que essas disciplinas religiosas só serviram para pensar que Deus estava longe de mim. Quanta desilusão com uma vida espiritual distante e sacrificante. Quanta desilusão com os professores de discipulado que não me mostraram a minha vida como manifestação de Deus e o meu cotidiano como lugar de encontro com o Pai.

Hoje, acredito que todo aquele que encara seu cotidiano de forma simples, procurando na beleza da vida, ou mesmo nas suas tristezas, encontrar a face do Pai vive uma vida espiritual. A música, a poesia, o trabalho, o culto ou a oração, são expressões de vida, e não pertencem a diferentes escalas de valor na vida espiritual. O valor espiritual aparece no que torna um momento diferente do outro, no que nos faz perceber a presença do Pai. Parece-me que o Pai não se encontra apenas nas disciplinas religiosas, mas ao contrário, é encontrado em todos os espaços da vida, até mesmo quando pensamos não haver espaço para a sua presença, lá Ele se encontra.

Sendo assim, posso não ter percebido o Pai nas minhas duas horas de oração, e nem ter percebido o Pai enquanto atendia o meu paciente mas, tanto em um como outro momento, Ele estava lá.Deus não se ausenta e nem é trazido para mais perto. Ele é percebido ou não em todos os momentos da vida.

Por isso, devo tentar fazer do meu cotidiano o melhor possível para que ele seja cheio de amor, paz e boas obras. Devo zelar por meu relacionamento com Deus sem descuidar do trato com o próximo. Devo me trancar no quarto para orar e ler a Bíblia sem esquecer-me de abrir as portas de casa para receber quem precisa. Devo sentar a família à mesa para dar graças ao Pai com a mesma importância espiritual com que conto uma história pra minha filha dormir. Em cada gesto, em cada ação, pensada ou não, vivo espiritualmente e me relaciono com o Pai.

Paulo Maurício
Diretor do ICEC e Pastor da Igreja de Messejana

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Caçador da Vida - Reflexões de uma cena do filme "O Caçador de Pipas"

Confesso que não li o livro “O caçador de Pipas” por um preconceito de que best-sellers geralmente não são livros bons (pelo menos para maioria dos autores essa idéia realmente funciona). No entanto assisti ao filme, e agora quero muito ler o livro.

Não desejo aqui comentar as muitas reflexões que a história desse livro pode suscitar, nem mesmo fazer um resumo comentado do filme. Porém, gostaria apenas de comentar uma cena (das várias) que me incomodou.

O personagem principal, Amir Jan, chega até um orfanato em Cabul, capital do Afeganistão dominada pelos Talibãs (grupo político-religioso formado por radicais islâmicos), a procura do sobrinho que teve sua família morta. Ao encontrar o chefe do orfanato, este lhe diz que entregou seu sobrinho a um dos chefes radicais Talibãs que é um pedófilo e abusador de crianças. Amir Jan se revolta e acusa o dono do orfanato de não cumprir o seu dever em proteger aquelas crianças. É justamente na resposta do dono do orfanato que reside à grandeza dessa cena. Não saberia agora reproduzir literalmente sua fala, mas seria mais ou menos assim:

­- Esse homem me dá dinheiro, mesmo que pouco, para levar uma criança. Se eu não entregar uma criança, ele então leva dez. Vendi todos os meus bens para fazer esse orfanato, tenho família no Paquistão, mas escolhi viver nesse inferno para ajudar essas crianças. Todo o misero dinheiro que recebo pela “venda” da criança, é usado para comprar comida para as restantes, não fico com nada para mim. Sacrifico uma em favor das outras. E que Deus me julgue caso esteja errado.

O que dizer diante de uma frase como essa? Qual postura poderia ser melhor do que o mais constrangedor silêncio? Todas as estruturas morais, todos os “princípios”, toda noção de “certo e errado” perde-se quando o “bem” está em jogo. São situações como essa que revelam que o amor e a bondade estão muito acima das nossas construções teóricas sobre moral e ética.

Nossos princípios; sejam eles de cunho religioso ou humanista, rapidamente condenariam esse homem. Ele pecou, nossas leis e os mandamentos de Deus. Ou estamos certos e devemos realmente condenar este homem, ou então precisamos rever a funcionalidade de nossas “santas regras”.

O que estava escrito nas “tábuas da lei” da consciência daquele homem o impulsionava a sacrificar o que fosse preciso pela vida de outros. Ele sacrificou sua vida, sua família, seus bens, seu conforto e construiu um orfanato no meio de uma terra sem lei na tentativa de ajudar crianças que estavam vagando pelas ruas como “mortas-vivas”. Sacrificou a si mesmo, e também a uma “ovelha” para poder salvar o “rebanho”.

O cerne prático do amor é o sacrifício. O amor de Deus se tornou real no sacrifício de seu Filho. Para salvar-nos, Jesus sacrificou os princípios morais de seu povo e sua religião, e depois se sacrificou, tornando-se escândalo e loucura para os que não sabem o que é amar até entregar-se.

Situações como essa apenas revelam o quanto a nossa moral não funcionam diante da “misteriosa santidade” da vida. Deus pode revelar ao nosso coração coisas que estão acima daquilo que os “profetas” afirmaram ser “Sua Vontade”.

Melhor que perguntar como Deus quer que eu viva e quais são seus mandamentos para mim; é tentar saber viver pelo amor e pela consciência, entendendo o valor da vida, e não precisa ser religioso para isso. Quero entender a vida, e de que forma posso servir a Deus nela, sem regras, sem muletas, com o olhar de quem descobre um novo mundo.

O pior cego não é apenas aquele que não quer enxergar a verdade que está diante dos seus olhos, mas sim aquele que pensa já tê-la visto plenamente.

Quero novos ventos, novos tempos. Como conseguir isso?

Daqui pra frente já não sei.


Jorge Luiz