Por esses dias eu tive um debate com um colega de trabalho acerca do machismo na Bíblia. Durante a conversa, ele rapidamente listou uma série de versículos que, segundo os estudiosos do ateísmo, reforçam suas convicções de que a Bíblia aprova e estimula o machismo e a violência contra a mulher.
Tentei, com toda a mansidão, explicar-lhe que a Bíblia, igualmente a qualquer outro livro histórico, precisa ser interpretado a partir do contexto histórico. Foi então que uma outra pessoa interviu no debate afirmando que sempre utilizamos esse "papo de interpretação" para fugir daquilo que está bem claro.
Quando um debate escamba para esse tipo de desonestidade intelectual, fica difícil continuar qualquer reflexão construtiva. É tipico de muitos ateus e críticos da religião acusar-nos de utilizar textos bíblicos selecionados e interpretados ao próprio gosto para defendermos nosso ponto de vista. Contudo, não seria exatamente isso que a maioria dos ateus fazem? Quando listo vários versículos bíblicos que considero negativos, e acabo excluindo muito outros de boa qualidade, não estaria eu agindo da mesma maneira que os "religiosos fanáticos" que tanto critico?
A Bíblia é sim um livro que exige interpretação, pois se a lermos com nossas lentes pós-moderna simplesmente não a entenderemos, e a julgaremos mal. Não vejo ninguém lendo os textos de Nelson Rodrigues de forma literal, pois quem assim o faça julgará que esse autor é bem machista, já que as mulheres que descritas em suas crônicas são, na maioria, de moral bastante duvidosa. Sendo assim, acredito que as pessoas que leem Nelson Rodrigues o interpretam nos seus objetivos, já que dificilmente escuto alguém o chamando de machista e detrator de mulheres.
Estou fazendo essa comparação apenas para destacar que a Bíblia, assim como qualquer outra literatura, precisa ser interpretada respeitando o seu contexto. Afirmar que a Bíblia criou o machismo (e o mesmo vale para outros diversos males sociais) é no minimo um preconceito burro. Havia machismo, escravidão, roubo e mentiras muito antes de qualquer página bíblica ter sido escrita. O que poucos querem entender ou aceitar (isso vale para ateus e fundamentalistas), é que muitos textos bíblicos reproduzem alguns aspectos presentes na consciência social daquele tempo.
Entender que há textos bíblicos que estão mais alinhados com as convenções sociais do que com o real caráter de Deus não a torna menos sagrada ou menos valorosa. Pelo contrário, revela que ela é um escrito honesto e ao mesmo tempo fascinante. A Bíblia não esconde as falhas para agradar a ninguém, mas quer somente revelar a verdade para aquele que sinceramente a busca.
Jesus, que é a verdadeira chave de interpretação bíblica, sempre valorizou as mulheres. Haviam discípulas que lhe seguiram tão de perto que a primeira pessoa a testemunhar a ressurreição de Cristo foi Maria Madalena (Mateus 28:1-10; Marcos 16:1-5,10,11; Lucas 24:1-10). Se entendermos que no tempo de Jesus o testemunho de uma mulher era desconsiderado pelo simples fato de ser mulher, percebemos que, ao se revelar ressuscitado para as mulheres, Ele reafirmava todas as mulheres no seu valor.
O mesmo podemos dizer com a respeito do episódio da mulher adúltera (João 8.3-11). Esta seria apedrejada de forma intencionalmente machista, pois a lei afirmava que o casal adultero é que deveria ser julgado. Jesus a salva mostrando que o pecado está para além da questão do gênero, e que a graça estendida ao adultero deve ser a mesma oferecida a adultera.
É uma pena que textos como esses nunca são considerados pelos que querem apenas ridicularizar a religião dos outros. Aos que desejam aprender som honestidade e sem preconceito, sugiro uma leitura dos evangelhos, para que você interprete quem é Jesus, pois somente a partir de Jesus é que as Escrituras Sagradas revelam sua real mensagem.
É isso mesmo Jorge, concordo com você.
ResponderExcluirParabéns!!!!
Não conhecia seu blog....muito bom!!!