quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

ATÉ QUE PONTO DEVO LUTAR PELA VIDA?

Nesse dias de Carnaval aproveitei para descansar e assistir alguns filmes. Dentre eles destaco um ótimo filme chamado Uma Prova de Amor.

Estrelado por Cameron Diaz, o filme fala de uma família desestruturada pela Leucemia que acomete a filha mais velha. Desesperada em buscar uma cura para filha, Sara (Cameron Diaz) recebe um conselho nada ético de um médico que aconselha uma fertilização in vitro para que seja gerado uma criança com 100% de capacidade para tornar-se futura doadora para a irmã mais velha. Nasce então Anna (Abigail Breslin, Pequena Miss Sunshine).

Já no seu nascimento, Anna já torna-se doadora da irmã. Durante toda sua vida a criança é submetida a vários procedimentos, que inclui a doação de sangue, de medula óssea, a ingestão de hormônios do crescimento e drogas para estimular a produção de células tronco... Enfim, vários processos que maltratam a criança por anos.

Aos 11 anos, Anna decide processar seus pais para que eles não tenham mais o direito de forçá-la a ser doadora da irmã, já que o próximo passo da mãe seria a retirada de um rim para ajudar a filha mais velha, que estava com falência nesse órgão. Nesse empasse, o filme mostra o desespero de uma mãe em ajudar sua filha, chegando ao ponto de travar uma batalha judicial com a própria filha pelo direito de forçá-la a fazer o transplante.

Ao olhar apenas para filha doente, Sara deixou para trás o resto da sua família. Não cuidou bem do filho que possuía dislexia e se sentia abandonado. Também não cuidou bem do casamento, já que vivia em função da filha; abandonou emprego e passou a ter dedicação exclusiva a filha doente.

Podemos recriminar Sara, mas acredito que todos nós temos um pouco desta impetuosidade. Sara não conseguia aceitar o fato de perder sua filha, e ela estava disposta a tudo. Mesmo sabendo que talvez não conseguiria salvar a filha, ela queria viver com a certeza de ter feito o máximo para cuidar dela. Desistir e esperar a morte chegar era algo inadmissível para aquela mãe obstinada.

Até que ponto devo lutar pela vida? Essa é a grande pergunta do filme. Sara não percebia que havia ultrapassado vários limites. Abandonou a família e gerou uma filha para que servisse como peça de reposição. Nunca pensou em como poderia prejudicar a vida da mais nova retirando um rim. Quem já doou um rim sabe como a vida torna-se mais limitada, com dietas e regras que tolhem a liberdade. É justo exigir de uma criança de 11 anos que faça uma escolha que afetará a sua qualidade de vida? É justo não dedicar o cuidado necessário aos outros filhos para que cresçam com saúde física e psicológica?

Aceitar a morte significa uma derrota? A vida deve ser mantida a todo custo? O alvo da medicina deve ser sempre manter a vida, ou também seria auxiliar no doloroso processo da morte? Essas perguntas me levam a pensar sobre como lidar com a morte, algo muito necessário nos nossos dias. A realidade da morte esteve bem presente na minha vida e de meus familiares ultimamente, e nesse momento percebi o quão despreparados estamos para lidar com ela.

Diante de uma doença terminal, muitos decidem lutar a todo custo pela vida, mas outros também decidem aceitar a situação e viver a vida da melhor forma até que a morte anunciada chegue. Estes últimos, podemos chamar de derrotados, fracassados ou mesmo incrédulos porque aceitaram a morte como um destino inevitável? Qual a divisão entre prolongar a vida e prorrogar a morte? Viver de qualquer maneira é melhor do que receber a morte com serenidade?

Não sei como responder essas perguntas, e não sei também como agiria se estivesse no lugar da Sara. O que eu sei é que preciso lhe dar melhor com a morte. Apavoro-me com a idéia de perder alguém que amo, assim como não suporto o fato de que um dia morrerei. Portanto, considero um alvo de amadurecimento espiritual a capacidade de refletir para compreender melhor esse processo de findar a vida.

Na Espiritualidade Cristã a morte não é tratada como o fim da existência e dos relacionamentos. A própria morte não é o fim, já que a ressurreição é a superação dessa realidade tenebrosa e sem esperança. Suspeito que essa verdade não tem habitado os nossos corações. Sendo assim, preciso guardar em mim a compreensão de que a vida não se resume a essa existência terrena. Não vale a pena lutar pela vida relativizando a existência e a importância dos que me cercam.

Desconfio que quando Jesus nos falou sobre vida plena, ele não falava de uma vida de saúde e prosperidade, mas de uma vida capaz de se enxergar como eterna, vida que nem a morte lhe arranca a esperança.

Profetizando a Esperança (Amós 7:10)


Existem muitos conceitos distorcidos na mentalidade dos evangélicos. Quanto mais comparo a mensagem de Jesus nos evangelhos com os nossos conceitos, percebo que não sabemos o que é Verdade, o que é Discipulado, o que é Comunhão. 
 
Dentre esses conceitos, podemos destacar a profecia e a esperança. Quando falamos profecia, sempre pensamos em homens e mulheres que são dotados de um poder sobrenatural que os capacita a conhecer o futuro das pessoas antecipadamente. O profeta sempre é um vidente, um homem que vê o futuro e faz previsões não muito otimistas.

Esperança sempre tem haver com a morte e a vida eterna. A esperança cristã evangélica resume-se a viver com Deus na vida eterna do céu, ou mesmo ser arrebatado diante das tribulações. Ou seja, esperança sempre é um sentimento que leva para outro mundo, outra realidade, e não tem nada haver com esse mundo perdido e condenado que vivemos.

Mas se você ler o livro de Amós com atenção reconhecerá o quão enganado estamos em relação à profecia e a esperança. Nosso conceito é muito pobre, muito aquém da verdade bíblica. Nessa reflexão quero mostrar que Esperança e Profecia estão ligadas de tal maneira que um não faz sentido sem o outro. 
 
Vejamos um breve resumo do livro da história contida no livro de Amós:

Naquele tempo Israel vivia um período de riqueza e prosperidade. Acordos políticos e comerciais com os vizinhos traziam prosperidade para os donos de terra, fazendeiros e agricultores de grande porte. Para gerar riquezas, alguém precisa ser oprimido e explorado. Assim o pobre e o necessitado passaram a ser vitimas da violência, da desonestidade e da extorsão dos ricos. A religião tornou-se parceira dos ricos e poderosos e passou a legitimar a opressão, afirmando que toda essa estrutura era da vontade de Deus. Pobreza sempre estava ligada a pecado e maldição. Não havia saída, pois Deus estava do lado dos opressores, e não dos oprimidos.

Num cenário como esse Deus levanta a última pessoa do mundo para ser profeta. Um estrangeiro simples precisou vir anunciar ao Reino do Norte por quê?

  1. Pelo simples fato de que nunca haverá profetas e nunca haverá Esperança enquanto aceitarmos que o mundo em que vivemos está determinado por Deus. Para o verdadeiro profeta, o mundo não é produto da vontade de Deus, mas sim das escolhas do homem. A Profecia traz a Esperança porque ela revela novas oportunidades, revela que Deus tem outros caminhos que podem ser trilhados. A escritora Mia Couto define Esperança como aquele sonho que habita os homens em locais inacessíveis, onde a violência e a barbárie não podem golpear ou destruir. É a capacidade de renovar-se e lutar apesar de tudo que nos leva a pensar o contrário. Esperança não é um sentimento de passividade, mas uma força interior que gera atitude.


  2. A profecia lança esperança porque resgata os valores de Deus. O mundo de Amós era coberto pela ignorância e insensatez. O profeta denunciava que os dízimos eram frutos do roubo e da exploração. Os sacrifícios de animais representavam um ato de remorso, e não um ato de contrição e arrependimento real. O profeta é alguém que anuncia a vontade Deus, que prega os valores que constitui o caráter divino e que devem ser replicados no nosso caminhar diário. Não há esperança sem resgate de valores, e isso é papel da profecia. Existe uma frase que diz que “quando não sabemos aonde chegar, todos os caminhos são válidos”. Esse é o nosso mundo, onde tudo é valido porque caminhamos sem direção, sem esperança.


  3. A profecia gera esperança porque não se preocupa com interesses pessoais, mas com o grupo. O profeta não prega contra pessoas, não denuncia falhas pessoais, não aponta o dedo na cara de ninguém. O profeta sempre luta pelo bem comum. Sua mensagem não é para uma determinada classe, mas é universal. Fala a todos, fala ao oprimido para que não curve sua cabeça diante de tudo que lhe é imposto, e fala também ao opressor, para que reveja a maneira como trata o seu próximo. A mensagem cristã só será uma profecia de esperança quando realmente for universal, quando for compreensiva não somente a evangélicos, mas também aos que são diferentes e que não fazem parte do meu grupo. O profeta não entra em jogo de interesse, pois seu interesse é pelo bem de todos.

Profecia vive para esperança, e esperança é fruto da profecia bíblica. Um mundo sem esperança revela a falta de profetas. Testemunhamos a esperança se profetizarmos; e profecia é a capacidade de discernir a vontade de Deus em tempos confusos e sem esperança.

Por ultimo, profetizar não significa que a esperança tornar-se-á realidade. As nossas palavras podem ser insuportáveis para alguns e não gerar frutos que confirmem a esperança. Seremos expulsos como Amós também foi, e talvez não vejamos os resultados esperados, assim como Amós também não viu. Mas mesmo assim, só vale a pena profetizar se for através da Esperança. Só vale a pena ser profeta se você acreditar que existem outras possibilidades. Só vale a pena testemunha a esperança se você acredita em renovação. 


Jorge 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Calou-se a voz da Igreja Betesda

Hoje, 09/02/2010, calou-se a voz da Igreja Betesda no Brasil. Pr. Allison Ambrósio se foi, e em nós habita o silêncio que só a tristeza sabe produzir.

Nunca me esquecerei das noites onde a dobradinha Allison e Ricardo Gondim nos levava a momentos de arrebatamento na presença de Deus, profundamente tocados pelo Espírito Santo que fluía através da musica, da voz e da adoração sincera. Um artista que não permitia que seu talento afogasse o espírito de adorador que lhe enchia o peito.

Homem de voz poderosa e olhar doce, sua arte era singular assim como o tamanho do seu coração. Se já não bastasse o talento dos anjos que louvam a Deus nos céus, agora o coral celestial contará com o reforço poderoso e a nós cabe apenas viver com esse enorme desfalque.

A nós hoje cabe apenas lamentar sua perda e orar por sua família, que mais do que nunca precisará de todo apoio e consolo.

Cante na eternidade Pr. Allison! Emocione o coração de Deus da mesma forma como nos tocou por todos esses anos.

Jorge

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Uma breve pausa

Olá Pessoal

Estou me dedicando a escrever para a mensagem que estarei levando para o retiro 2010. Assim que passar esse período eu voltarei a atualizar o blog.

Obrigado pela atenção.

Abraços

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Dê um UP na sua vida!


Sei que esse filme já não é tão novo no mercado, mas só consegui assisti-lo ontem. Isso mostra como sou um cara “antenado”; rsrs!
Quem ainda não assistiu ao filme e ainda pretende assisti-lo, aconselho que não leia o meu texto agora. O filme é maravilhoso. Pura diversão sem abrir mão do conteúdo. Não só nos faz rir, mas principalmente pensar.
Em breves palavras o filme mostra as aventuras de Carl Fredricksen passou a vida toda sonhando em explorar o planeta e em aproveitar a vida ao máximo. Mas aos 78 anos de idade, parece que a vida o ignorou, até que uma reviravolta do destino (e um persistente Explorador de Terras Selvagens de 8 anos, chamado Russell) dá um novo sentido para sua vida. Essa dupla improvável enfrenta uma região remota, vilões inesperados e animais selvagens.
Carl é aquele tipo de homem que sonha; mas não tem visão. Sua esposa Ellie era o contrário, não se limitava a sonhos pequenos. Ela criou um livro de aventuras e transformou seus sonhos em objetivos. Sua visão sempre esteve bem à frente do seu pacato esposo. O sonho deles era morar no pico de uma alta montanha na América do Sul. Havia sempre uma página escrita “coisas que vou fazer”.
Porém, o tempo é implacável, passa rápido demais e Ellie infelizmente faleceu. Problemas sempre atrapalharam a concretização dos nossos sonhos, e Carl; consumido pela tristeza das “coisas que não foram concretizadas”, decide loucamente fazer sua casa voar amarrada a milhares de pequenos balões de gás, numa tentativa ambiciosa de realizar o antigo desejo de sua falecida esposa.
A questão é que Carl não avançava nas páginas do livro de aventuras. Sempre parava nas páginas que falavam sobre as “coisas que ela desejava fazer”, como um CD arranhado que repete a mesma frase incessantemente. Mas um dia ele viu que ainda tinham páginas da vida que ele não tinha folheado, e nelas estava o dia-a-dia deles, os momentos felizes no casamento, aquilo que passou desapercebido.
Simplesmente cada dia da vida deles tinha sido a melhor aventura e Carl nunca percebeu isso. Ele precisou aprender a dar maior valor à história vivida do que aos sonhos que não foram alcançados. Quantos vivem lamentando os projetos fracassados, os planos não executados, os momentos que não foram aproveitados, as oportunidades perdidas. Quem se prende as suas frustrações não percebe que o cotidiano pode conter os melhores momentos.
Sendo assim, dê um UP (eleve) na sua vida hoje redescobrindo o potencial que o seu passado pode guardar. E o melhor, você pode fazer isso sem os balões do velho Carl, basta à simplicidade do destemido Russel.
Jorge