sábado, 30 de janeiro de 2010

Tolerância

A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos.
Gandhi

Tolerância hoje é um artigo de luxo em nossa sociedade “moderna”. No meu trabalho flagro diversos momentos de intolerância entre os alunos da escola, entre os gestores e coordenadores... Enfim, em todas as esferas há intolerância.

Antes de qualquer coisa, o que significa a palavra tolerância?

Proveniente do latim (tolerare), o termo significa suportar, sustentar. Em sentido amplo, a palavra denota o grau de aceitação de um elemento contrário a uma regra moral, cultural, civil ou física. Num contexto mais atual, diríamos que significa a capacidade de conviver com indivíduos ou grupos que possuem valores diferentes daquilo que é o consenso entre a maioria.

Dito assim é difícil entender por que, em um mudo tão diversificado quanto o nosso, a tolerância é uma característica rara no nosso caráter. A verdade é que, quanto mais diversos somos, menos tolerante nos tornamos.

Tolerância é uma das características do novo milênio que precisa ser cultivada em todos os nossos níveis de relações, e além de tudo é constituinte do caráter cristão. Jesus, apesar do quem pensam muitos “cristãos”, sempre demonstrou um espírito tolerante. Com os pecadores, aqueles “elementos contrários a regra moral do grupo”, ele foi além da tolerância, exercendo também uma atitude acolhedora, inclusiva.

Nem mesmo com os seus inimigos Jesus foi intolerante. Não se esquivava dos encontros calorosos, dos debates polêmicos. Sempre ouviu suas doutrinas, mesmo sem concordar com elas e levantou-se contra tudo que não gera vida. Sendo assim, ser tolerante não significa concordar com todas as opiniões, com todas as crenças, com todos os “caminhos”. O intolerante é aquele que confunde idéias com pessoas, e exclui o outro simplesmente por não ser ou pensar como você.

Precisamos reavaliar até que ponto somos realmente tolerantes. Sem essa qualidade, é insuportável conviver. Até que ponto “minha verdade” é tão fechada que exclui quem vive e pensa com outras “verdades”? Defender a “verdade” sempre será uma atitude intolerante? Gandhi, um indiano que rejeitava o cristianismo e tinha sérias críticas ao apóstolo Paulo, parece ter entendido uma verdade cristã essencial: nunca veremos além de uma parte da verdade, e como espelho, ela pode ser vista de diversos ângulos.

Jorge

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