terça-feira, 14 de julho de 2009

REFORMAS INTERNAS

Estava lendo sobre a história do rei Josias em 2Reis e como ele estabeleceu sua famosa reforma religiosa.

Josias implementou tamanha reforma religiosa, e consequentemente cultural, que até mesmo fora expandida ao reino de Israel (Norte) já dominado pelos Assírios. Este rei não combateu somente as formas declaradas de paganismo, mas também enfrentou todas as expressões de sincretismo religioso que se estabelecera em Judá, levando a uma deturpação nociva da verdadeira adoração a Iahweh.

Mas mesmo assim a Bíblia fala que Deus não recuou na sua sentença contra Judá. Deus estava decidido em fazer justiça contra aquele povo que praticava impiedades tais como o sacrifício de crianças ao deus Moloc. Toda a atitude de Josias e do povo não foi suficiente para “comover” o coração de Deus.

Mas porque Deus não voltou atrás?

Durante minha leitura comecei a me perguntar por que Deus não restaurou completamente a sorte de Judá no reinado de Josias. Deus já havia recuado em outras situações ruins, mas neste caso o Senhor foi inflexível quanto a sua sentença, poupando apenas o rei, de maneira que a desgraça de Judá não ocorresse durante seu reinado.

Judá havia conseguido superar as iniqüidades de Israel. Manassés sujou Israel com todas as suas imundícies, pois além de ter sido infiel a Deus, praticou também a injustiça, assassinando pessoas inocentes como o próprio profeta Isaías. Este rei, avô de Josias, introduziu imagens de deuses pagãos dentro do templo de Jerusalém de tal forma que o autor do livro cita:

“... Manassés os corrompeu (o povo judeu), a tal ponto que fizeram mais mal que as nações que Iahweh havia exterminado diante dos israelitas.”

Sendo assim, por mais boa vontade e devoção da parte de Josias em buscar restaurar a verdadeira adoração a Iahweh, a questão não era mais meramente religiosa. A mudança litúrgica e cultual não adiantava mais. Era uma questão de coração e não de religião.

As reformas de Josias, assim como todas as reformas religiosas, não alcançam à essência do problema. O rei estava dando o pontapé inicial, mas até mesmo seu filho e sucessor não deu continuidade as suas reformas. O povo estava tão corrompido que a reformas não passaram do ambiente externo

A reforma que Judá precisava era interna, uma mudança de mente e coração, uma nova visão quanto à verdadeira relação com Deus, e o próprio Deus estava disposto a uma nova relação com seu povo. Porém, não seria a restauração da antiga religião de Iahweh que faria isso. O povo judeu não era mais aquele mesmo que havia saído do Egito, e o próprio Deus não era mais para Israel como no passado. A situação era outra, as relações eram outras, as pessoas eram outras, e a reforma necessária era completamente diferente daquela.

Acredito que a atitude de Josias foi importante para plantar no coração do judeu exilado uma semente de devoção que se voltaria para Deus. A reforma foi como um grande sinal que acompanhou aquela geração que sofreu na pele a conseqüência dos pecados de seus antepassados; um sinal de que sempre há chance de voltar atrás. O exílio era a forma de “purificar” o coração do povo, e a reforma serve para mostrar o caminho que se deve trilhar.

Reforma só funciona se acompanhar uma purificação, uma mudança espiritual de foro intimo que possa restaurar os caminhos do nosso coração, as nossas direções. Se a mente o coração não estiverem bem direcionados, qualquer reforma religiosa não passará de pura estética. Na verdade Josias fez um caminho que o povo não havia feito, ele primeiro tinha o coração em Deus para depois reformar, já o povo começou pela reforma, mas o coração não estava na mesma direção.

Vivemos a Reforma como causa da nossa religião, ou conseqüência da nossa devoção?



Jorge Luiz

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