Estamos vivendo dias em que se faz necessário reafirmarmos nossas posições. No afã de inovarmos, acabamos por esquecer de onde viemos. Na busca do novo menosprezamos o velho. Desta forma, reafirmar também representa relembrar, reorganizar, reposicionar-se aos valores do princípio de nossa caminhada.
Vale ressaltar que esse processo não significa involuir, regredir. Pelo contrário, só podemos avaliar a “qualidade” da evolução a medida que ela condiz com os valores que inicialmente nos nortearam. Exemplo: se na minha caminhada cristã a oração era um valor essencial e na minha caminhada eu fui gradativamente me distanciando dessa prática, então é necessário refazer os passos e reafirmar os primeiros valores. Caso contrário, refaça sua lista de princípios.
Assim faço meu auto-exame; relembrando de onde vim para avaliar melhor para onde estou indo. Nesse sentido, estou pontuando algumas posições pessoais que me auxiliem na caminhada como cristão e como membro de uma comunidade de Cristo.
- Reafirmo minha origem pentecostal, assim como reconheço meu distanciamento dessas prática. Nasci na fé em meio as reuniões de busca pelo bastimo com o Espirito Santo. Fui batizado e abençoado com o dom de falar em línguas estranhas. Acredito que os dons espirituais são tão importantes quanto o caráter cristão aprovado. Um não precisa excluir o outro. Contudo, a medida que estudamos e “amadureçemos”, passamos a considerar a experiência sobrenatural como um “conhecimento de nível inferior”. Como desculpa para evitar as “criancices espirituais”, tornamo-nos na prática “pentecostais não-praticantes”, se é que há possibilidade de existir tal condição. Reafirmar o pentecostalismo que um dia vivi significa hoje perder o medo de errar, de agir como menino, e procurar conciliar melhor a teoria e prática.
- Se há uma mensagem que permeia a Bíblia, ela está ligada ao arrependimento. Antes mesmo de Jesus, João Batista e os profetas anteriores já afirmavam essa necessidade (Mt 3.12 e 4.17). Todos os nossos esforços, como igreja e como cristão, deveriam estar baseados no ministério da reconciliação definido por Paulo (2Co 5). Reafirmar a mensagem do arrependimento é o princípio da missão, pois para quê evangelizaremos? E não só da missão, como também da própria espiritualidade, já que o arrependimento implica num estar em paz com Deus. Falar de arrependimento é como efeito dominó: exige uma reflexão sobre o que é pecado, graça, amor, justiça e salvação.
- Reafirmo a oração como meio eficaz para estreitarmos nossa relação com Deus. Não basta reconciliar-se; é preciso tornar-se íntimo de Deus. Oração é como uma permissão para que haja relacionamento verdadeiro, pois assim como preciso sempre manter a comunicação com minha esposa para que nossa relação cresça, também preciso manter o contato com Deus. E da mesma forma que não apenas falo, mas também escuto o que minha esposa tem a me dizer, também preciso entender que oração inclui o calar-se com reverência, escutando a voz de Deus.
- Reafirmo a necessidade de dialogar com o mundo sem abrir mão da cosmovisão bíblica. Como afirmou Stott no título de um de seus livros, devemos “ouvir o Espírito e ouvir o mundo”. Contudo, é ilusório pensarmos que, nesse embate, sempre alcançaremos posições equilibradas. Desse modo, prefiro sempre ouvir o Espírito, por mais que pareça retrogrado e politicamente incorreto. Que padrões deverão nos nortear senão os padrões definidos por Deus?
Continuarei numa próxima.
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