O que me chamou a atenção na reportagem não foi a história dele, mas uma fala da repórter Aline Ribeiro me chamou a atenção. Transcreverei na integra o texto:
"Não se trata de milagre (os feitos e o ensino do guru). Prem Baba fala o que a humanidade quer ouvir (grifo meu). Acolhe um mundo carente de conforto espiritual. Foge dos padrões das religiões cristãs, como o catolicismo ou protestantismo, segundo as quais Deus observa de binóculo qualquer tropeção aqui embaixo (grifo meu). O pai do amor (significado de Prem Baba) não faz sermão. Não julga. Nunca franze a sobrancelha. Parece sorrir com os olhos ininterruptamente. Tem a voz tão aveludada que é impossível não baixar o tom quando se conversa com ele. Sua missão, diz, é esbanjar o amor desinteressado".
Tirando os exageros e a falta de conhecimento acerca dos cristãos e do seu Deus, esse trecho me conduz a várias reflexões. Como a própria repórter diz, o sucesso do guru está em falar o que a humanidade quer ouvir. E o que a humanidade quer ouvir? Ora, nada mais senão uma mensagem de "amor desinteressado". Mas o que seria o tal "amor desinteressado"? Para entendê-lo, é preciso ver como a repórter descreve o Cristianismo: uma religião julgadora que cultua um Deus neurótico que existe apenas para acusar e castigar as pessoas por seus pecados.
Verdadeiramente a humanidade não quer ouvir falar sobre seus pecados. Muitos buscam uma espiritualidade que transforme o homem em deus. Quem não quer ouvir que é o máximo? Quem não quer alguém que ensine a receita para sua própria salvação? A humanidade busca uma espiritualidade que massageie seu ego e que levante sua autoestima. E quando for preciso falar sobre erros? Que seja bem sutil e genérico, sem dar "nome aos bois".
A diferença do Evangelho de Jesus Cristo é que ele não fala o que a humanidade quer ouvir, mas o que ela precisa ouvir. Reconheço que não é uma missão agradável ou mesmo fácil. Reconheço também que a maioria dos líderes cristãos realizaram um desserviço ao pregar um Deus tão severo que alimentou descrições simplistas e preconceituosas como a da repórter de Época.
Contudo, é necessário continuar pregando sobre o pecado, e ainda mais sobre a graça de Deus. Falar aquilo que os homens precisam ouvir não significa ser desagradável, mas sim verdadeiros. Anunciar o que Jesus fez pela humanidade revelará que Deus é o verdadeiro Pai de Amor (e não Pream Baba). Mostraremos às pessoas que Deus não vive atrás de nossos pecados, pois eles já foram perdoados na cruz do Calvário. Se há algo que Ele procura, isso se chama Relacionamento.
A questão é que relacionamento com Deus exige que sejamos francos e humildes. Exige reconhecer quem na verdade somos, com nossas falhas e capacidades. O amor de Deus realmente não é desinteressado; mas ao contrário do que pensa a repórter e muitos outros, ele não é interessado em nossa perfeição moral ou em nossos rituais religiosos, mas em nossa sinceridade e amor.
No dia em que a humanidade reconhecer o verdadeiro Pai de Amor, perceberá que ele não é um desocupado bisbilhoteiro, que com binóculos na mão fica a espiar a vida da pessoas. Mais do que espiar, ele deseja participar de nossas vidas como um verdadeiro guia e amigo.